Porque é que o investimento em residências de estudantes tem sucesso
O investimento imobiliário tem sido tradicionalmente uma estratégia segura e rentável para muitos investidores em Espanha. Dado o desequilíbrio entre oferta e procura, a habitação aparece como um caminho lógico para o investimento em Espanha. No entanto, há um nicho que está a ganhar uma atenção significativa: o investimento em residências de estudantes. O que o torna tão atrativo?
O investimento imobiliário está a viver um bom momento em Espanha. Segundo a Colliers, o nosso país é o terceiro maior destino de investimento imobiliário na Europa e o oitavo no mundo. Além disso, Madrid subiu para o terceiro lugar na classificação europeia de atratividade para investidores elaborada pela PwC e pelo Urban Land Institute. A capital é, por outro lado, um foco para os investidores em imobiliário de luxo. Agora, os dados também apontam para a atratividade do setor de residências de estudantes.
De acordo com a CBRE, Espanha lidera o investimento em residências de estudantes na Europa. Em 2023, o nosso país representou 23% do total, com 416 milhões de euros transacionados, à frente de França e Itália. E não só isso, Espanha foi o maior recetor de investimento na Europa durante o período 2018-2022, com 24% do total e mais de 3.500 milhões de euros acumulados.
Porque é que cresce o investimento em residências de estudantes
Existem dois fatores que explicam o aumento do investimento em PBSA (purpose-built student accommodation). O primeiro é o aumento da população estudantil. De acordo com os dados mais recentes disponíveis, o número total de estudantes matriculados no Sistema Universitário Espanhol (SUE) era de 1.722.247 no ano letivo 2022-23. Embora modesta, esta cifra representa um aumento de 1,4% em relação ao ano anterior. Nos mestrados, o aumento das matrículas foi de 3,6%, com um crescimento acumulado de 61,7% desde o ano letivo 2015-16.
O outro fator é a escassez de oferta. Apesar do aumento da população estudantil, muitas cidades universitárias em Espanha não dispõem de residências de estudantes suficientes para satisfazer a procura. Os dados da JLL indicam que, apesar de a oferta de camas ter aumentado 8,5% no último ano, a taxa de estudantes por cama desceu para 13, comparado com 14 no ano passado.
Razões para investir em PBSA
Neste contexto, não é de estranhar que cada vez mais operadores estejam a olhar para o nosso país para desenvolver residências de estudantes. Estes ativos tendem a ter uma alta taxa de ocupação devido à procura constante e recorrente. Os contratos de arrendamento são geralmente assinados por um ano letivo, o que assegura rendimentos estáveis durante pelo menos dez meses por ano. Além disso, as tarifas de arrendamento podem ser mais altas em comparação com outras formas de alojamento, devido aos serviços adicionais oferecidos, como limpeza, segurança, instalações desportivas e áreas comuns.
No que toca a rendibilidades, a consultora JLL estima em 5% os yields prime, enquanto em localizações secundárias a rendibilidade se situa em 5,35%.
Além disso, investir em residências de estudantes permite diversificar a carteira imobiliária. Este tipo de investimento não está tão diretamente afetado pelas flutuações do mercado imobiliário geral, já que a procura de alojamento estudantil tende a manter-se alta mesmo em tempos de incerteza económica. A diversificação ajuda a mitigar riscos e a estabilizar os rendimentos globais do portefólio.
Nos últimos anos, várias cidades espanholas têm assistido ao desenvolvimento bem-sucedido de residências de estudantes. Por exemplo, em Madrid e Barcelona, cidades com algumas das universidades mais prestigiadas de Espanha, foram desenvolvidas residências que alcançaram taxas de ocupação próximas dos 100%. Investimentos em cidades universitárias como Salamanca, Valência e Sevilha também mostraram resultados promissores, destacando a viabilidade deste tipo de investimento em diferentes regiões do país.
Em Sevilha, os fundos de investimento expandiram a oferta atual de camas até às 7.200, o que representa um aumento de 130% em relação a 2020. Em Valência, alguns meios apontam para um boom no investimento em residências de estudantes, enquanto a Medinvest e a King Street têm um plano de investimento em Espanha de 250 milhões de euros, com aberturas em Sevilha, Múrcia, Madrid, Salamanca e Granada.