“É um bom momento para investir no setor imobiliário em Espanha”
A 25ª edição da SIMA perfila-se como a mais internacional. A que atribui esse interesse no setor imobiliário espanhol fora das nossas fronteiras?
A posição de Madrid como destino de investimento imobiliário está cada vez mais forte. Não existe outra região a nível europeu com a projeção e as oportunidades que oferece Madrid no âmbito residencial. Além disso, a atração que gera como destino de capitais provenientes da América Latina consolidou-se nos últimos anos. Uma demonstração disso é a forte representação que a região tem este ano na SIMA com o Panamá como país convidado, assim como outros países latino-americanos a proporem os seus produtos.
Acha que é um bom momento para investir no setor imobiliário em Espanha?
Existem vários indicadores que mostram que é um bom momento para investir no setor. Os fundamentos imobiliários mantêm-se sólidos e, embora a nível macroeconómico persista a incerteza geopolítica e económica, as notícias que recebemos da Europa fazem prever reduções adicionais nas taxas de juros.
O feedback que obtemos do público investidor que se aproxima da SIMA é que sua principal motivação de investimento no setor é a segurança, acima da rentabilidade, o que permite ter uma ideia clara de que o imobiliário continua a ser visto como um investimento seguro.
Quais serão os grandes temas da SIMA 2024? Que novidades vamos encontrar?
Um dos principais eixos da SIMA 2024 é a construção de moradias, em particular, moradias acessíveis. É crucial que um evento de referência como a SIMA discuta como colocar mais moradias no mercado e fazê-lo a preços que a procura possa pagar.
“Não existe outra região a nível europeu com a projeção e as oportunidades que oferece Madrid no âmbito residencial”
Nessa linha, elaboramos um extenso programa de conferências na SIMAPRO com 34 sessões e mais de 130 palestrantes que abordarão as iniciativas e mudanças necessárias para aumentar de forma sustentável o número de moradias iniciadas nos próximos anos para responder à procura, assim como a situação de diferentes classes de ativos (residencial turístico, flex living, senior living, residências de estudantes e hotéis), entre outros temas de interesse.
Ano após ano o setor imobiliário desmente as piores previsões e demonstra uma notável capacidade de resistência. Como vê o setor residencial?
No setor, costumamos dizer que o mercado imobiliário é resiliente por natureza.
Há algo inequívoco: a procura está lá e continua a precisar de acesso a uma imóvel residencial, enquanto a oferta é escassa, com um déficit de quase 120.000 habitações por ano segundo os dados da Asprima. Portanto, o principal desafio que enfrentamos como setor é suprir esse déficit colocando mais habitações, principalmente acessíveis, no mercado.
Todos os especialistas concordam em uma coisa: não há habitações suficientes para responder à procura. Porque é que isso acontece? Que medidas poderiam mitigar o problema?
Diversos fatores influenciam a produção de habitação, desde a matéria-prima que é o terreno e sua gestão urbanística até a escassez de mão de obra na construção, que é um dos grandes desafios do setor.
A gestão urbanística representa uma verdadeira corrida de obstáculos para os promotores imobiliários, não só pelos tempos de desenvolvimento requeridos, mas principalmente pela insegurança jurídica que até agora isso representa. Nesse sentido, há consenso no setor sobre a necessidade de aprovação da lei de segurança jurídica.
“O público investidor que se aproxima da SIMA procura segurança acima da rentabilidade”
Além disso, a produção de habitações é afetada por outros fatores como o financiamento e a fiscalidade, que também devem ser considerados para solucionar o problema.
Na edição passada, foram apresentadas na SIMA mais de 15.000 habitações. Superaremos este número em 2024?
Com base nos dados disponíveis, estimamos que a oferta da SIMA 2024 superará as 17.000 habitações, o que representa um aumento de 12% em relação à edição anterior. Quanto à segmentação dessa oferta, com base nos dados fornecidos pelos expositores e pela nossa experiência em edições anteriores, estimamos que cerca de 50% das habitações estarão localizadas na Comunidade de Madrid, 40% noutras províncias (das quais 35% na costa e 5% no interior) e cerca de 10% noutros países.
Em 2023, a SIMA registrou mais de 16.000 visitantes. Qual é a previsão para este ano? Quais perfis serão os mais destacados?
Atualmente, há 5% mais público geral inscrito em relação às mesmas datas do ano passado e 9% mais profissionais. Teremos que esperar para ver os números no final do evento, mas estamos satisfeitos com a evolução da campanha.
Até o momento, podemos dizer que três em cada quatro registos são de compradores de primeira ou segunda habitação (60% e 14%, respectivamente). O grupo de pequenos investidores mantém uma forte presença, com 24% do total. Se estes números se mantiverem, teremos um aumento significativo em relação ao ano passado de compradores que procuram uma segunda habitação e a consolidação da percentagem do perfil investidor após o forte aumento de 2023.
Este ano, na Urbanitae, participamos com o maior stand de toda a SIMA. Como avalia a situação do crowdfunding imobiliário em Espanha?
As plataformas de crowdfunding representam uma via alternativa de entrada de investidores no setor imobiliário. Uma forma atraente e com menos barreiras de entrada do que o investimento direto em imóveis, o que tem contribuído para ampliar o público-alvo do setor imobiliário. A sua participação este ano na SIMA é uma prova disso.