Tendências de investimento alternativo na Europa: que modelos estão a descolar?

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Tendências de investimento alternativo na Europa: que modelos estão a descolar?

Num contexto marcado pela incerteza macroeconómica, pela inflação e pelas taxas de juro elevadas, muitos investidores europeus estão a reconsiderar as suas estratégias tradicionais. Por isso, neste artigo analisamos as últimas tendências de investimento alternativo na Europa. Os mercados bolsistas e de dívida registaram comportamentos erráticos nos últimos anos, o que levou a uma crescente procura por ativos menos expostos aos ciclos financeiros e capazes de oferecer rentabilidades ajustadas ao risco.

É neste cenário que os investimentos alternativos ganham protagonismo: modelos como o crowdfunding imobiliário, as energias renováveis ou os ativos tokenizados despertam cada vez mais interesse tanto entre investidores particulares como institucionais. De seguida, analisamos algumas das tendências com maior crescimento na Europa, o que as impulsiona e porque estão a moldar uma nova forma de construir carteiras mais diversificadas e resilientes.

Crowdfunding imobiliário: consolidação e acesso a projetos profissionais

Uma das alternativas que mais tração tem ganho no mercado europeu é o crowdfunding imobiliário, que permite a pequenos e médios investidores participarem em projetos do setor imobiliário através de plataformas digitais. Este modelo amadureceu significativamente nos últimos cinco anos, com o apoio de uma regulamentação europeia harmonizada que reforçou a transparência e a proteção do investidor.

Plataformas como a Urbanitae, líder do setor em Espanha, demonstraram a sua capacidade de ligar promotores profissionais a investidores particulares interessados em diversificar o seu património. Só em 2024, a Urbanitae canalizou mais de 200 milhões de euros para novos projetos, com rentabilidades médias superiores a 12 % de TIR nas operações já encerradas. Este tipo de investimento permite obter exposição ao mercado imobiliário sem assumir os encargos da propriedade direta, o que é particularmente atrativo num contexto de elevada pressão fiscal sobre a habitação e alterações regulatórias no arrendamento residencial em várias cidades europeias.

Energias renováveis: estabilidade e alinhamento com critérios ESG

Outro setor que está a atrair cada vez mais investimento alternativo é o das energias renováveis, impulsionado tanto pelos objetivos climáticos da União Europeia como pela crescente necessidade de segurança energética. Fundos especializados, veículos de co-investimento e até plataformas de financiamento colaborativo estão a canalizar recursos para projetos solares, eólicos e de autoconsumo industrial.

O atrativo destes ativos reside na sua capacidade de gerar receitas estáveis e previsíveis a longo prazo, muitas vezes asseguradas por contratos de compra de energia (PPA) ou por enquadramentos regulatórios favoráveis. Além disso, cumprem os critérios ESG (ambientais, sociais e de governação), o que lhes confere valor adicional face às exigências de sustentabilidade que cada vez mais investidores institucionais têm de cumprir.

Em países como Alemanha, França ou Espanha, os desenvolvimentos renováveis de pequena e média escala estão a abrir oportunidades para investidores não institucionais, através de plataformas que permitem financiar centrais fotovoltaicas ou infraestruturas de eficiência energética em comunidades locais ou empresas.

Ativos tokenizados: acessibilidade e eficiência em novos formatos

A tokenização de ativos é uma das tendências mais emergentes no investimento alternativo na Europa. Através da tecnologia blockchain, ativos reais como imóveis, obrigações privadas ou até obras de arte podem ser fracionados em participações digitais — tokens — negociáveis em plataformas especializadas. Este modelo promete melhorar a liquidez, reduzir os custos operacionais e facilitar o acesso a investimentos tradicionalmente ilíquidos.

Em Espanha, algumas plataformas já começaram a operar com licenças regulatórias adaptadas ao novo enquadramento europeu. A tokenização ainda se encontra numa fase inicial, mas tudo indica que a sua adoção crescerá à medida que os enquadramentos legais e as infraestruturas tecnológicas se consolidem.

Este tipo de ativo é especialmente interessante para investidores jovens ou digitais, que valorizam a agilidade operacional, a rastreabilidade e a possibilidade de construir carteiras altamente diversificadas com montantes reduzidos.

Uma mudança de mentalidade perante a incerteza

A procura por alternativas de investimento não responde apenas à necessidade de escapar à volatilidade dos mercados tradicionais, mas também a uma mudança de mentalidade. Os investidores europeus — tanto particulares como profissionais — estão cada vez mais recetivos a modelos que priorizam a diversificação, o impacto positivo e a autonomia na gestão do seu património.

A ascensão do crowdfunding imobiliário, do investimento em energias renováveis e da tokenização reflete esta evolução: todos estes modelos partilham uma lógica de rentabilidade sustentada, ligação à economia real e capacidade de adaptação a um contexto económico mais fragmentado e menos previsível do que nas décadas anteriores.

Embora cada modelo tenha as suas particularidades, todos beneficiam de uma infraestrutura digital mais desenvolvida, de um enquadramento regulatório mais claro e de uma procura crescente por produtos financeiros alternativos. À medida que estes ativos amadurecem, é provável que se integrem de forma cada vez mais natural em carteiras mistas, onde o investimento tradicional convive com novas formas de gerar valor a longo prazo.

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diego.gallego@urbanitae.com

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