A sustentabilidade no setor imobiliário: novas oportunidades de investimento
Nos últimos anos, a sustentabilidade deixou de ser uma opção para se tornar uma exigência no setor imobiliário. Esta mudança foi consequência da generalização de uma consciência social que convenceu tanto compradores como investidores de que as casas sustentáveis são cada vez mais boas opções.
Impulsionadas pelas dinâmicas de mercado, surgiram uma série de regulamentações que incentivaram a inovação em todo o ecossistema da construção. Além disso, as certificações de sustentabilidade ganharam maior importância, pois influenciam diretamente o valor e a atratividade dos ativos. Neste artigo, explicaremos as principais regulamentações e certificações que estão a moldar o futuro do setor.
Diretiva Europeia para a Eficiência Energética dos Edifícios (EPBD)
A Diretiva (UE) 2024/1275 relativa à eficiência energética dos edifícios (EPBD) é um dos quadros regulatórios mais relevantes na Europa para o setor imobiliário. O seu objetivo principal é garantir que os edifícios novos e os renovados cumpram elevados padrões de eficiência energética. Para isso, a diretiva estabelece normas mínimas de desempenho energético e obriga os Estados membros a adotar medidas mais rigorosas, como a emissão de certificados para todos os edifícios vendidos ou arrendados.
O objetivo da EPBD é alcançar a neutralidade climática até 2030, através da melhoria do desempenho energético e da redução das emissões de carbono no parque imobiliário europeu. Entre as medidas mais significativas encontra-se a obrigatoriedade de que todos os edifícios novos sejam de consumo energético quase nulo e os edifícios residenciais devem reduzir as faturas energéticas em pelo menos 16% até 2023. Além disso, os Estados membros terão que implementar instalações solares de forma gradual em edifícios públicos e não residenciais e os combustíveis fósseis serão gradualmente eliminados no aquecimento e arrefecimento.
Certificações de sustentabilidade: LEED, BREEAM e DGNB
As certificações de sustentabilidade são essenciais para avaliar o desempenho ambiental dos edifícios e garantir que são cumpridos certos padrões de construção ecológica. Estas certificações oferecem uma avaliação independente e fiável do comportamento ambiental dos ativos imobiliários.
LEED (Leadership in Energy and Environmental Design)
O sistema LEED, desenvolvido pelo US Green Building Council, é um dos padrões mais reconhecidos a nível mundial. Este sistema avalia critérios como o uso eficiente da água, a escolha de materiais sustentáveis, a qualidade ambiental interior e a inovação no design. Funciona através de um sistema de pontos que atinge quatro níveis de sustentabilidade: LEED Certification, LEED Silver, LEED Gold e LEED Platinum.
BREEAM (Building Research Establishment Environmental Assessment Method)
BREEAM é um sistema de certificação muito popular na Europa, desenvolvido pelo Building Research Establishment no Reino Unido. Este sistema mede a sustentabilidade dos edifícios com base em nove categorias que abrangem desde o design e construção até a operação e manutenção. BREEAM é conhecido pela sua flexibilidade e é amplamente utilizado para certificar vários tipos de edifícios.
DGNB (Deutsche Gesellschaft für Nachhaltiges Bauen)
DGNB, criado na Alemanha, oferece uma abordagem holística de sustentabilidade, avaliando critérios económicos, ambientais e sociais. Este sistema concentra-se em aspectos como a durabilidade dos edifícios, a eficiência dos recursos e o impacto na saúde e no bem-estar dos ocupantes. A certificação DGNB é muito popular na Alemanha e está a ganhar terreno em outros países europeus.
Inovação e oportunidades de investimento sustentável
A sustentabilidade impulsionou o surgimento de novas tecnologias e abordagens inovadoras, como a integração de energias renováveis como a solar e a eólica e a implementação de sistemas de gestão inteligentes. Estas tecnologias, juntamente com metodologias digitais como BIM, facilitam a construção e a gestão eficiente de edifícios.
A sustentabilidade tornou-se um pilar fundamental no setor imobiliário europeu. As regulamentações estão a transformar a forma como os edifícios são construídos e geridos. Esta abordagem não responde apenas às crescentes exigências de investidores e consumidores, mas também cria novas oportunidades para maximizar o valor dos ativos.
Por isso, é fundamental compreender as tendências em sustentabilidade e adotar uma estratégia que se alinhe com estes padrões, uma vez que o investimento em edifícios sustentáveis não só contribui para um futuro melhor, mas também oferece retornos financeiros sólidos.