Como o teletrabalho mudou as necessidades imobiliárias

Como o teletrabalho mudou as necessidades imobiliárias

O crescimento do teletrabalho, acelerado pela pandemia de COVID-19, transformou a forma como as pessoas vivem e trabalham. O que começou como uma medida temporária e preventiva consolidou-se como uma nova realidade para muitos trabalhadores, e, em consequência, esta mudança acabou por ter um impacto direto nas necessidades e exigências do mercado imobiliário.

Assim, o teletrabalho abriu novas possibilidades, fomentou o crescimento dos chamados nómadas digitais e mudou a conceção das prioridades dos compradores e arrendatários. Neste artigo, exploramos como influenciou o setor imobiliário e como os intervenientes do mercado, tanto promotores como compradores, se estão a adaptar ao novo contexto.

Espaços mais amplos e funcionais

Com o teletrabalho, a casa tornou-se um espaço não apenas para viver, mas também para trabalhar, estudar e relaxar. Isto gerou uma maior procura por espaços amplos e multifuncionais.

Os compradores agora procuram imóveis que possam adaptar uma zona confortável, como um escritório ou uma área bem iluminada. As habitações com terraços, pátios ou jardins também se tornaram mais populares nas zonas urbanas, proporcionando áreas exteriores para descontrair.

Interesse por zonas suburbanas e rurais

Um dos efeitos mais visíveis do teletrabalho foi a possibilidade de viver mais longe dos centros urbanos sem abdicar do emprego. Isto levou a um aumento da população nas zonas suburbanas e rurais de Espanha, onde os preços são mais baixos em comparação com os centros das grandes cidades.

No entanto, não se trata de uma tendência massiva. Após o auge do teletrabalho nos primeiros anos pós-pandemia, muitas empresas apostaram na presencialidade ou no teletrabalho intermitente. Isso significa, portanto, que se procuram casas não só mais amplas mas também mais acessíveis, com um ambiente de qualidade, como o que existe em aldeias próximas das grandes cidades ou em zonas rurais com boas ligações de transportes.

Esta mudança fez com que municípios que antes não eram considerados atractivos para compradores urbanos agora experienciem um aumento da procura, o que também está a impulsionar o desenvolvimento de infraestruturas, como os transportes públicos e a conectividade à internet.

Aumento do interesse por habitações mais sustentáveis

Outra tendência crescente, resultado do teletrabalho, é o interesse por habitações mais sustentáveis e energeticamente eficientes. Passar mais tempo em casa implica um maior consumo de recursos, como eletricidade e aquecimento, o que levou muitos a valorizar aspetos como o isolamento térmico, a eficiência energética e o uso de energias renováveis.

Neste sentido, as habitações que oferecem características como janelas bem isoladas, painéis solares ou sistemas de aquecimento eficientes estão a ser mais procuradas não só pelo ahorro económico a longo prazo, mas também por se alinharem com uma crescente consciência ambiental entre os compradores e arrendatários.

Novas dinâmicas para investidores e promotores

A mudança nas necessidades imobiliárias decorrente do teletrabalho também teve repercussões no campo do investimento imobiliário. Os promotores e construtores começaram a adaptar os seus projetos para atender a este novo perfil de comprador que valoriza a flexibilidade, a conectividade e a sustentabilidade acima de outros fatores tradicionais.

A procura por espaços mais amplos, embora não massiva, aumentou nas áreas onde os preços dos terrenos são mais baixos. Os novos desenvolvimentos fora dos grandes centros urbanos estão a focar-se em oferecer habitações onde, embora não se privilegie uma grande amplitude, haja espaços distintos para separar a área de descanso da de trabalho. Além disso, estão a ser promovidos projetos em zonas suburbanas e semi-urbanas que permitem um equilíbrio entre uma boa qualidade de vida, preços acessíveis e conexão com as grandes cidades.

Conclusão

O teletrabalho mudou, até certo ponto, as preferências e necessidades no mercado imobiliário espanhol. No entanto, essas transformações estão condicionadas pela realidade económica e pelos elevados preços da habitação, o que limita a possibilidade de mudanças drásticas na procura de imóveis. Ainda assim, o interesse por habitações com maior flexibilidade, melhores conexões à internet e localizadas em zonas mais acessíveis tem vindo a crescer, forçando tanto compradores como promotores a adaptarem-se.

Embora o mercado continue limitado pela falta de oferta e pelas dificuldades de acesso à compra, de forma geral, o teletrabalho gerou outras prioridades que estão a influenciar o tipo de habitação procurada, transformando pouco a pouco o panorama imobiliário em Espanha.

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